Ricardo Valez

terça-feira, 19 de dezembro de 2000

Consideração (o original de uma carta)

Mas qual desiludir?

Estas sempre a dizer que o que eu faço, faço mal
Contradizendo tudo quanto te tenho dito, mas não como tal
E para quê, se sabes bem que o que dizes nem é o que pensas,
E se o que pensas, pensas bem e não mal

Qual então a razão do que me tens dito
Se não para desculpares o mal que não é meu
Só pelo receio que te cobre pela dúvida que de mim
E do que te cito?

Deixa-me por favor ser só eu mesmo e só quem sou
Não o que a tua antítese quer de mim nem o que nunca deixou
Porque por alguma razão
Por vezes sei mais que tu, sobre o que não é meu
Mas do que tens em mão

E se não te percebo na totalidade do que me é chegado
É porque me reprimes a cada vez que chego perto
Do que sabes ser errado
Sem mesmo eu to dizer
Mas ano o digo porque não o quero fazer

Só quero o melhor do teu bem
Só quero que me compreendas também
Porque a única coisa que me entristece
É que tenhas tanto medo assim
E a cada dia ter afastes mais de mim.

Boa noite menina Antitética
E não duvides da gratidão que tenho pela tua amizade.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2000

Palavras de Silêncio

Por palavras ri, sorri, cantei e alegrei
No silêncio desci, vivi, matei e errei
Palavras ouvi, senti, tomei ao que morri
Em silêncio deixei, cessei e assim vivi

Por palavras caí, sofri, voltei e tentei
No silêncio andei, pensei, mas voltar nem sei
Palavras de vida, alegria e amor
Em silêncio a morte, tristeza e a dor

Porque a palavra traz sentimento à sua realidade
Mas só no silêncio de si, se esconde essa sua verdade
Porquanto o ouvido de mim abri e assim atento ouvi
Mas a palavra fez-se deturpada à sua veracidade
E o sentimento do seu poder não vi e nem longe senti

Porque a palavra que traz a amargura ao seu sentimento
Faz do silêncio escudo portador da paz após o tormento
Ou do tormento, o mesmo a sua palavra ao esquecimento
Pois no silencio se esquece, e provem e maior sofrimento

Por palavras, triste chorei, em luto cantei
Do silêncio que vi, vivi, à morte de si
Em palavras de dor, mágoa, aquilo que sei
Do silêncio que deixei, cessei, ao que cumpri

Pena, na falta da palavra que me falou
Pelo qual silêncio o qual a voz sufocou
Numa ausência de silencio que me faltou
Pela qual palavra a qual na alma ficou.