Ricardo Valez

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Humanidade Que Há Em Mim

E se eu for porque mo são?!
Serei eu negro, fundo tenebroso
Quando me forem pois por trevas também?

Alguém que me traga o sol
Quando choverem as lágrimas do meu ser
Seja o sol um sorriso
Seja em ausência de orgulho
Por favor
Como o amor de alguém comum
Não peço mais que honestidade
E terei assim o céu limpo
E serei, cinzento amnésico,
Como profundo o seu azul

Alguém que me deixe saber
Que ainda não é vã a minha humanidade
Que possa também eu ser o sol
Guardar a chuva de algum chorar

Alguém que me dê um pouco de humanidade
Alguém que me dê a mão
Quando a terra se abrir sob o meu pisar
Seja essa mão a esperança
Seja, suporte quando tremerem-se-me os pés,
Como o amor que existe sem forçar
Não peço mais que a sua naturalidade
E terei rocha firme
Sob o meu andar
Quando sobre nada me firmar

Alguém que me deixe saber
Que ainda não é vã a minha humanidade
Que possa também eu estender a minha mão
Firmar a raiz de esperança
No solo que pisar qualquer meu irmão

Que seja eu esse alguém
Que seja não só porque vale a pena
A humanidade que há em mim
Que o seja eu pois em novidade
Para aquele que não o merece
Para aquele que me fizer sofrer
Porque, que vale mais a pena?
Que o seja porque mo são,
Ou ser para que o possam ser?

E se o for porque mo são?!
Serei eu negro, fundo tenebroso
Quando me forem pois por trevas também?
Eu serei para que possam ser!
Eu farei a luz onde luz não houver
Eu fá-los-ei fartos onde fome houver
Farei caminho quando caminho nenhum se encontrar
Farei o mundo amar e amá-lo-ei eu também
Amá-lo-ei antes de me amar
Amá-lo-ei quando me odiar
Farei o mundo valer a pena da sua humanidade
Pela humanidade que há em mim.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

One Star

She first fell in the world
Her heart said not a word
Her rage grew as frost
For what thought she has lost

Then she fell in his world
There was only one word
He approached her face
Saw the light she embraced
She shined, she smiled
On the eternity of a while

He saw her glittering
Listening to her heart beating
On a warm blood stream
Healed soul from a broken dream

He lost his world
For the fire upon her heart
Fantasy turned real
They have never felt so thrilled
For the fire was upon their hearts

He gazed at her
As the star she was
She loved the poor boy
As only love could love.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

É Simples

É simples, tão simples o amor o é
Cegam, porém o orgulho e o rancor, a sua simplicidade
Qualquer alguém de nós que achar que o amor não é simples
é porque é consumido de orgulho e rancor
A qualquer alguém que diga que estou errado nisto
não o vou desmentir nem lhe vou concordar
Não digo que vejo
Sou cego como qualquer um de nós
Mas vejo, penso eu, para além do que vêem os meus olhos
Que olhos tenho eu? Que horizontes vêem os meus?
Horizontes são infinitos; não lhes chego
Olho para além do horizonte e vejo-me a mim mesmo
Sou, no fundo, um espelho do meu orgulho
que me impede, no entanto, de me orgulhar
mas ver, para além de mim e para dentro de mim
Que orgulho não tenho se o tenho fora de mim?!
Sei, por vezes, mais do que devia
Sei sobre tanto e tão pouco me é dado a saber
Tenho só razão sobre estas coisas más
E há tantas coisas más neste mundo que tenho sempre razão
O mundo é mau! Não achas?
Penso que sim
Mas não é o mundo que nos faz
Ora pois, ai da semente que semeie o semeador
Pois afinal é o semeador que semeia a semente
E da semente cresce o trabalho do Homem
Pois é o Homem que faz o mundo
E todos e cada um de nós somos Homens
Queres semear comigo neste mundo?
Queres fazer este mundo comigo?
Como? Como semear o mundo?
Semearemos no mundo aquilo que queremos que ele seja!
Se o quisermos rancoroso, vamos guardar rancor de quem nos ofendeu
Se o quisermos mentiroso, vamos mentir a verdade
Se o quisermos orgulhoso, vamos tirar tudo o que não é nosso e exigir o que é de ninguém
Vamos cegar tudo o que é para alem do demais de nós mesmos
Mas...
Oh doce "mas"
Se o quisermos em amor
Vamos então esquecer o nosso egoísmo e orgulho e rancor
Vamos amar
Só! Só isso!
Amar!
Amar em amor.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Corpo Fantasma

Condenado a saber
Imaginar o futuro que
A mim me calha
Dentro do infinitivo
Da probabilidade
A ocasião e a eventualidade
Que imagino eu
Mas se nem sei
Nem tenho como saber

Vivo em perigo
Constante de cair
Se me falta a força
A vontade de viver
A possibilidade
Se não pára
A queda que se faz
Constante aparição
No medo que me é

Ninguém me disse
Sobre a dor
Que me assola
Agora
Digo eu
Não se podia prever
Apenas esperar
E cegar
Por se temer

Não se pode prever
Espero esperança
Por amarga realidade
Sobrevivo enquanto morro
Um pouco mais
Sobre mim
A fé maior
Faz-me ter
Esperar viver

Tenho todo
O essencial
Que me chega
Perto à perfeição
Ainda que tão longe
Subo e desço
Mas espero melhor
De mim mesmo
Parece
Tenho tudo
E disto tudo
O menos
Isto é
Parece
Porém
Falta-me pois o elo
De futilidade carnal
Mostrando-se maior e mais

Porque se mostra este
Maior que a alma
Que pode haver
Mas carne tudo o é
Alma somos nós
E aquilo que sentimos
Ou somos nós besta
Que de presa
Se faz predador

A carne pois
Que se alimente
De carne
Vive a besta
A alma
Que se alimente
De alma
Vive o Homem
Que morra a besta

Que a fé
Me deixe ser
Que a alma
Possa viver
Que o espírito
Continue superior
Porque o corpo
Não o sendo
É somente só por dor.

terça-feira, 17 de julho de 2007

Uma Estrela

Ela primeiro caiu no mundo
O seu coração não disse uma palavra
A sua ira cresceu como geada
Pelo que pensava ela ter perdido

Depois ela caiu no mundo dele
Houve então uma só palavra
Ele aproximou-se da sua face
Viu a luz que abraçou
Ela brilhou, ela sorriu
Na eternidade de um momento

Ele viu-a resplandecer
Ouvindo o seu coração bater
Numa corrente de quente sangue
Alma curada de um sonho partido

Ele perdeu o seu mundo
Pelo fogo diante o coração dela
E a fantasia tornou-se real
Nunca eles se haviam sentido tão emocionados
Porque o fogo estava diante os seus corações

Ele olhou para ela
Como a estrela que ela era
Ela amou o pobre rapaz
Como só o amor poderia amar.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Decrépito Mundo – O Brilho De Uma Página Negra IV

Ó mundo, decrépito mundo
O teu fogo arde mais
Mas sempre és o segundo

Nunca deixaste de ser
Pelo fogo
Que não se fez arrefecer

Passas e voltas a passar
Ora não sobre ti somente
Porque tens vida mas sem viver
Pois quão decrépito o que se sente

Não há viagem nem tempo
Que se faça maior gravidade
Porque é a luz que te faz brilhar, ó mundo
O porque vives, sua demente sanidade

Oh mundo! Vives pelo fogo que te arde
E levantas-te senão por cinzas, funerais
Arde agora mundo eu! Arde alma cobarde
Deixa de lhe ser e vive bem e mais!

Se me houvesse ainda honesta alegria
Rir-me-ia então, aberto à tua amarga ironia
Porque choro, não por cobardia
Mas pelo destino que ver nem posso.

sábado, 12 de maio de 2007

Sede Primavera – O Brilho De Uma Página Negra III

Ó Primavera, minha sede Primavera
Brilhas tu o mundo
Mas para sempre quem me dera?

Ora és e logo deixas de ser
Pela época
Que te deixa envelhecer

Morres e renasces
Ora bela e jamais mera
És vida e dás a viver
Da sede que és tu ó primavera

Não há tempo que te apresse
Há somente o mundo e a tua mão
Pois pudera também se pudesse
Ou não me seria a mais bela estação

Oh Primavera! És constante no meu amor
Mas és e logo deixas de ser
És e logo deixas o teu sabor
E ainda assim beijas o mundo ao teu querer

Porque não me és como um todo
Em vez de vento que expira sem inspirar?
Poder-me-ias ser esta estação
E ainda constante também o teu amar?

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Devoto Mar – O Brilho De Uma Página Negra II

Ó mar, devoto mar
Reflectes só a luz da lua
No teu eterno embalar

Nunca vais senão para voltar
Pela dança
Que não tem par

Sobes e desces
Ora cheio ora nu
És senão para lhe ser
Quão devoto de amor és tu

Não há quê que me conforte
Senão a luz que sobre mim
Nem qual sol que me importe
Porque brilha mais a luz de ti

Oh mar! Dançaste só pelo seu amar
Mas esqueces sempre o teu lugar
Porque infinita distância só por mal
Porque sou da Terra mas por ti sou o teu sal

Porque voas tu onde olho sem chegar
Se não me é dada a liberdade?
Mas fosse e deixaria água e sal do meu mar
E ser-te-ia para sempre em eterna gravidade.

sábado, 14 de abril de 2007

Doce Lua – O Brilho De Uma Página Negra I

Ó lua, doce lua
Brilhas no mar
A luz que somente tua

Ora bela ora escura
Pela sombra
Que não tem cura

Cresces e decresces
Ora cheia ora nua
Brilhas e dás a brilhar
Quão doce és tu ó lua

Não há vento que te force
Nem gravidade que vem de mim
Porque nem pelo nosso amor precoce
Te vi querer mudar de ti

Oh lua! Brilhas constante o coração
Mas tens eterna a outra face
Como se a tua vida por escuridão
Como se fonte que te alimentasse

Porque pereces tu por bondade,
Se de bondade pereço eu?
Deixar-lhe-ias tu de lado,
Se qualquer destino fosse teu?

sábado, 25 de novembro de 2006

Pelo que ser? - Porquê?

Pois não sei de facto se o que sou é somente reflexo do nada de mim mesmo, mas se é reflexo de mim ou do meu ser, como “nada” poderia ser? Como poderia ser se eu fosse como um corpo que não possui espectro da essência de ser ou haver em algo que não eu somente? Como? pois se nada fosse, como poderia reflexo algum ser? Pois se assim não o é! Ou será o reflexo a própria imagem do que é? porque sem corpo, não é luz nem imagem, é reflexo somente. Nada mais que ilusão do que queremos e aparentamos ser, mas não é isto reflexo, é reflexão.
Exprimamos o sentimento que não nos deixa morrer, seja ele qual for, façamo-lo diante do espelho que somos nós e será o reflexo como somos mas jamais como o que sentimos. Mas se vivemos por sentir, e seja qual for o sentimento que nos faz viver não será de facto então o reflectir da introspecção o reflexo de algo que nada pode ser senão por si mesmo e jamais por reflexão? Porque o reflexo exprime sem sentir, tal pois como a crítica e a interpretação, reproduz sem jamais produzir, é superfície sem qualquer profundidade, não é senão somente aquele que ele não é nem pode ser senão por reflexão. É ideia, é pensamento, é falso, constante e imparcial mas toma sempre este partido. Pois por mais que nos exprimamos diante do espelho que somos nós, por reflectir tudo o que nos envolve, jamais o nosso reflectir será mais que a imagem que se cria por falsidade ou esperança do nosso pensamento, jamais será este a realidade do que realmente é por verdade e unicidade. É, portanto, o que temos dentro que se deve fazer projectar e não reflectir o que é de fora. Deixemos de ver para poder sonhar, porque o sonho projecta o que temos dentro e a visão reflecte o que é de fora.
Mas, quem, qual de vós é ou acha poder ser superior ao todo saber para julgar ou definir aquilo que é ou não é, ou aquilo que não é nem se faz para ser, ou aquilo que é mas de facto não o é? porque o reflexo ou reflexão que me pertencem são somente para mim, mas estes aquando teus, os mesmos, deixam de me ser, mantendo-se, contudo, sempre o reflexo e reflexão do mesmo objecto, seja qual for a questão: este, aquele; tarde, depois; princípio, sonho; sim ou não... tornando-se por isto díctico do que somos. Qual então pois, qual de vocês é superior a isto, à parcialidade do ser consciente (mas tanto irracional) e à suficiência de si mesmo para que o possa fazer? Quem é mais que o tempo que define a probabilidade consoante o espaço? E quem está em espaço e não em tempo? E quem ocupa dois espaços no mesmo tempo? Mas mais, quem ocupa dois tempos de todo? Quem o é para saber o que era, é e será? E porque pergunta a alma aquilo que não pode saber? Porquê?
O passado é para esquecer. O futuro?! o futuro é mera ilusão. Esqueçamos o passado e ignoremos a possível probabilidade e sorte do futuro, porque o iludir desta sorte não tem lógica nem razão porque não é do olho nem da mente mas somente do coração. Porque o futuro não nos cabe, nem se pode fazer, nem tampouco para nos caber, vivamos simples, mas conscientes de que o futuro existe... mas não agora! porque é também como o reflexo que é sem na verdade ser... e, o passado… o passado foi mas deixou de ser; esquece somente – simples – porque o presente é só para ser, mas o futuro é mera ilusão. Se o souberes faz para o esquecer para que não caias no teu ócio e a que a paixão não possa morrer. E, porque não nos cabe a nós o que é ainda para ser nem a possibilidade ou sorte que venha a haver no que agora é, qual aquele que de vós é mais do que aquilo que não pode ser? Porque o futuro é... ou melhor: porque é, o futuro, aquilo que ainda não foi senão por especulação, e se não foi ainda, pode então nem vir a ser, porque o futuro não é sequela mas consequência. E quem é mais de si mesmo para ser ou saber aquilo que pode nem vir a acontecer? Quem sabe o que é justo ou injusto se o calhau no qual tropeçamos pode bem ser aquele que sustém (as águas na base de) uma barragem? Porque quem for presente (porque todos o somos) mas também futuro é então também o passado porque o passado é do presente mas também o presente o passado do futuro, mas se for passado não pode ser futuro porque o passado é não só do futuro mas também do presente e é o presente que faz o futuro, mas porque também o presente é passado do que será futuro e o futuro será também passado, a seu tempo assim o será como o tudo que é, pois tudo por tempo é. E qual aquele que é passado, presente e futuro e não muda o passado para ser melhor o seu futuro? mas se se mudar pois o passado, também o futuro mudará para além daquilo que a nossa vontade; porque isto, no futuro: a infinita sua probabilidade... pois como pode então o futuro ser futuro se por isto mesmo foi passado do seu próprio presente? Não queiramos mudar a ordem que Deus nos ordenou por lei natural. Se há coisa a alterar ou destino a mudar, a hora certa é agora, no presente que nos envolve e no tempo que nos é, não no tempo que nos foi ou virá então a ser – chega de lamentar o que já foi consumado ou o que ainda não foi provado – esqueçamos o passado e ignoremos o futuro, mas sempre conscientes do presente, este é o fruto do passado e a semente do futuro. Pois o futuro é ilusão, é reflexo e consequência, não sequência e muito menos precedente de si mesmo. Esqueçamos o passado e ignoremos a possibilidade de sorte do futuro, porque o iludir desta sorte não tem lógica nem razão porque não é do olho nem da mente mas somente do coração e daquele que espera pela sorte que lhe valha e a sua ocasião. É tudo isto como reflexo, que é sem na verdade ser, porque é-me imparcial mas no meu entender porque enquanto for por mim ser-vos-á para sempre parcial, parcial a mim, por me pertencer e ao meu próprio parecer, tornando-se pois por isto o díctico que sou eu de tudo o demais.
Quem é mais que o espaço que nos rodeia? Quem é mais que o tempo que nos governa o passar e o ser da eventualidade voluntária e inconsciente? Quem é mais que a infinita casualidade? E quem sou eu para dizer casualidade e não destino? Quem sou eu para perguntar porquê? - Ora pois pergunto porque sou parte deste mundo. Sou parte do espaço e do tempo que somos e fazemos. Pergunto porque o mundo parece viver somente para saber porquê, e por ser quem somos vivemos perguntando porquê. Porquê isto, porquê aquilo, o porquê do quanto mais de quê tem porquê. O porquê do tempo, do espaço e do destino… da casualidade, da sua casualidade, da pergunta e do seu eterno infinito. Mas porquê viver, e deixar de viver, para perguntar? Mas porquê? Porquê viver isto e não somente viver? Porquê viver em dúvida e questão e não somente viver?
Por que medo fazemos a nossa vida? De certo as nossas vidas tem sido por medo. O medo de não saber porquê. O medo de não saber! Ora assim a ignorância que nos consome por dúvida e questão. Porque de facto perecemos nós por ignorância e falta de conhecimento! mas porque perecemos por ignorância e falta de conhecimento afinal?! Quem faz afinal a regra senão por conceito que a defina?! Porque na verdade afirmo achar saber que a ignorância e a dúvida são só por mentira; o conhecimento e a certeza são fé e verdade! O homem que perece, não perece por ignorância do conhecimento e a ciência da possibilidade, mas sim por morte que o consome por falta de verdade.
Deixemos de ser por dúvida e sejamos simples como a verdade, sejamos só por verdade e esqueçamos a dúvida, a questão e a mentira. Deixemos agora a dor e deixemos o perguntar. Que vivamos simples sem a mágoa e o seu sabor. Saboreemos a memória, a nostalgia e a lembrança, e o que sabemos lembrar é só o nosso cair e desfalecer. Deixemos a sorte ser, esquecer esta corrupta esperança, porque não há esperança de não morrer se a nossa vida é por tal. Pois se vivemos por morrer, que esperança esperamos nós haver?! Vivamos por viver! Não somente para sobreviver à casualidade que nos sobreveio. Deixemos o demais e vivamos para viver.
Ora pois não sabemos nada do que somos senão aquilo que supomos ser… nem se somos fruto do que não sabemos ser… ai as guerras e o temor de nós mesmo, ai de nós… mas o que somos não se faz para ser eventualidade do que será, nem seremos nós o que poderíamos ser, porque a resposta que não se alcança, depois de busca vã, é o sonhos que à realidade da vida se escolta sem na verdade nunca deixar de ser somente por sonhar. Pois afinal como podemos nós ser a nossa requerida eventualidade? Não podemos ser o que queremos só por querer. Somos, somente e mais simples do que imaginamos ou podemos ser, e nunca seremos mais, mais que o presente que somos e o arbítrio de que nos fazemos pelo passado que fomos e não pelo futuro que seremos em infinita probabilidade de destino, porque tal como o passado, assim pois o futuro são somente esperança da nossa devassa consciência, são ilusão que se prolonga como a matança do Inverno mas também como a vida primaveril. Mas não nos deixemos pois enganar e iludir por falsa aparência que o olho vê mas o coração não sente. A ilusão por que vivemos não é senão a queda que se faz por nos consumir.
Mas porque não deixamos nós o mundo e o ser se por ser, tamanha a sua complexidade? Porque não nos deixamos morrer? Morrer, morrer, morrer… porquê? Porque maior é o prazer em viver?...? Pois então mas porquê, se vivemos por busca vã? Porquê, se a resposta que não se alcança é mero sonho e imaginação, e a pergunta é infinita mas ilógica esperança?!
Morre, morre, morre decrépito pensamento! Morre agora racionalidade, inconcebível lógica e introspecção! Morre se vives por deturpar o que é bom de ser e haver! Morre sim, porque tu deves morrer assim e não o ser. Que viva o ser e morra a questão. Vivamos simples e felizes sem a mágoa de dúvida e o arder da sua combustão. Sejamos só por ser, inconscientes da razão mas a par do que nos é devido. Esqueçamos o passado e ignoremos a possibilidade, infinita probabilidade e a sorte de futuro porque a ilusão desta sorte não tem lógica nem razão porque não é do olho nem da mente mas somente do coração. Esqueçamos o passado e ignoremos o futuro mas sempre conscientes do presente como fruto do passado e semente do futuro. Exprimamos o sentimento que não nos deixa morrer, e seja qual for o sentimento que nos faz viver, façamo-lo diante o espelho que somos nós, mas não será, o reflexo, tal pelo que sentimos. Porque não existe sentir no passado, mas somente no presente. Do passado resta só a memória que não é sentida mas sim lembrada. De todo este nosso presente, é agora a hora de fazer explodir o nosso amor: neste mesmo momento e acontecer.
Por isto não sejamos reflexo de nada, nem de nós mesmo, mas sejamos nós aquilo que somos e façamos para não sermos melhores que ninguém senão que nós mesmos, melhores do aquilo que somos, e ignoremos o que poderemos vir a ser. Deixemos o tempo ser e passar consoante a sua medida mas vivamos de coração aberto e consoante o seu ser, passar e medir, porque a vida que nos pertence não se mede nem se move por reflectir o reflexo do que não somos nem do que não é de nós, mas sejamos nós somente e simples e por aquilo que nos é, porque o Homem não é por lógica ou razão, nem por ciência nem por perguntar a questão que nos deixa ser (ser o que somos) mas sim por mero, porque natural, mas, porque sobre o natural, tal tamanho, assim o somos por maior amor.