Caem-me as lágrimas
Arde-me a face
Drena-me o coração
À morte que não nasce
Vem forte e sobre si
Deixa-me só para morrer
Vem por sorte e não de ti
Deixa-me só deixar de ser
À forca que lhe espera
Ávida de tal sorte
A mágoa persevera
Imortal e não por morte
Esqueço o meu cantar
E a melodia que é amor
A nota que tento lembrar
É o dia do seu clamor
A minha mão é efémera
A escrita vem de padecer
A minha paixão é enferma
Se por ti tiver de ser
Estanco o sangue de vida
Estanco o que se derramou
Mas sangro de esta ferida
Sangro por tudo o que te sou
E mostrei-te tudo o que sou
E por ti deixei de o ser
A flama arde que não cessou
Mas qual flama arde sem viver?