Ricardo Valez

sábado, 13 de janeiro de 2001

Parte da Nova Primavera II

Abertos atentos, assim os ouvidos que de mim
E assim também, como um renascer, aquela minha compaixão
Porque de boca vazia, falaste-me de palavra cheia
E da noite fez-se dia
E apesar de fechada a tua razão, vi, aberto foi teu coração

E houve fogo então, e do cobre derretido, compadeceu a minha alma
E ardeu-se-lhe desejar apaziguar a trovoada à sua calma
Onde sentimento crescente se fazia à presença da memória
Pela melodia que da tua voz, pois da alma à tua historia

Porque do mal havia já passado, ao presente fez-se o seu bem
E na beleza que me é incontestada, do melhor que a vida tem,
Pergunto a quem não o sabe: não será o bem que do mal advém?
Porque olho a luz que me cega pelo brilha pela beleza do teu olhar
E sei e vejo e sinto a pureza apesar do forte teu pesar

Porque na ausência da sanidade, abri-te, também eu, a alma que de mim
E vibraram os sinos e fez-se então entoar uma nova canção
Porque da tua palavra falaste-me em ternura na tua amizade
E em verdade, e de lágrima escorrida pelo coração
Pois assim foi que escolhi segurar-te em toda a minha mão

Porque apesar de fechada e incolor ser a flor
E pequeno o sentimento que brota e canta do coração
Sei que me és Primavera, mas sem querer o teu Verão

Porquanto, do refrigério da minha alma, sei, é esta a minha vontade
Porque no que se sente e há a ser sentido
Não há sentimento sem chama de realidade
E servir-te-ei de escudo e escudar-te-ei aquando precisares
E forte fortaleza a ti, me fortificarei aquando do coração o desejares.

terça-feira, 2 de janeiro de 2001

A Escolha à Última Folha de Outono II

Escolher-se-á à preferência das suas escolhas
A artificial à aquela que a sua original
Aquando à ignorância das suas próprias origens
Porquanto da sua ignorância faz-se a sua futilidade

Mas fiz diferença entre prisão e oportunidade
E dei opção na diversidade da sua escolha
Na qual numa a sua, e noutra nenhuma à folha
Pois só a que caiu, caiu pela sua verdade

E na sua diversão, a sua escolha diversificou
E a folha de Outubro à sua originalidade
Mas em dúvida esperou e à escolha ponderou
Porque bela a ficção do mal à futilidade

Mas certa e forte a sua escolha
Na originalidade da sua folha
E na escuridão que do seu coração
O premio, medalha ou recompensa
Lhe entreguei em sua frágil mão

E uma e a outra também
E eu sem nada fiquei, se na ao ti
Mas fi-lo de alma à sua crença

Porque não há ficção sem realidade
Ainda que na realidade viva toda a sua canção
Onde à beleza, a sua, sem qualquer razão
Porque na realidade há dor, mas também o bem da ficção

Porque há muito mais que salte à vista da matéria
Porquanto toda a matéria à sua carne deteriorar-se-á
Mas só o espírito em magnificência permanecerá

Desta maneira escrevi-te e li-te e assim foi que te fiz
Tal é o que dizes, da folha ao poema, assim a tua raiz.