Ricardo Valez

terça-feira, 25 de abril de 2006

Amor Vida II

Sou eu! Sou mar eterno
Sou Outono sem Inverno
Sou viagem sem razão
Sou primavera sem Verão

Sou, pelo meu vasto conhecimento
Pois vejo o abismo mas não sei o seu tormento
Sou, porque sei o que louvo e o que lamento
Porque vivo à brisa, mas não sei para onde sopra o vento

E para onde sopra o vento?
E quem, ou o quê, é esse vento?
Caminho, destino, futuro vaticínio,
Ou desejo, paixão, esperança pelo seu domínio?

Quem espera mais e colhe menos?
Quem sobe e nunca desce?
Quem quer e não tem?
Quem explode mas arrefece?

E por que vento sopra a vida
Quando a vida sopra mal?
Será mesmo vento ou brisa,
Ou tempestade em ascensão final?

Talvez seja simples sentimento, leme do coração,
Estradas do que sou mas sem saber o que são?
E o que são? São pedras, são passos
São problemas e más amarras dos meus laços

Mas atrás nada há, há vazio e escuridão
À frente: tudo o que há para haver pela nossa mão
Há mágoa, há dor, medo e há temor
Mas há vida e cor e se há isto há amor

E o que é o amor?
Sou leigo e sei só o seu valor
É pé de cada passo, é boca de cada voz
É sobre o meu saber e todo o meu ignorar
É para além do que posso querer ou sequer imaginar

É para além do mar e do Inverno
Do Verão e da razão
É força que nos faz mover
É sangue que se nos faz correr
Quem não sabe este sentir
Nada sabe do que é viver.