Sou eu! Sou mar eterno
Sou Outono sem Inverno
Sou viagem sem razão
Sou primavera sem Verão
Sou, pelo meu vasto conhecimento
Pois vejo o abismo mas não sei o seu tormento
Sou, porque sei o que louvo e o que lamento
Porque vivo à brisa, mas não sei para onde sopra o vento
E para onde sopra o vento?
E quem, ou o quê, é esse vento?
Caminho, destino, futuro vaticínio,
Ou desejo, paixão, esperança pelo seu domínio?
Talvez simples sentimento, leme do coração,
Estradas do que sou mas sem saber o que são?
E o que são? São pedras, são passos
São problemas, buracos, mas amarras dos meus laços
Mas trás nada há, há vazio e escuridão
À frente: tudo o que há para haver pela nossa mão
Há mágoa, há dor, medo e temor
Mas há vida e cor, se há isto há amor
E o que é o amor?
Sou leigo, sei só o seu valor
É pé de cada passo, é boca de cada voz
É força que nos faz mover
Quem não o sente não sabe viver.