Ricardo Valez

segunda-feira, 15 de setembro de 2003

Lágrimas

Doem-me ainda estes olhos
Escorridos porque lágrimas
Vencidos porque almas
Rasgando a face por onde descem
E ardendo só por de onde vertem

Minha alma é coração, espírito porque sou
Flama por canção, rito a quem me dou
Mas não sou, apenas fui, nem dou apenas dei

Porque o que fui, fui e deixei de ser
E o que sou, sou livre, isento de regra e lei
Ora assim, vazia a alma, nua, mas voraz por arder.

Porque a despiste e a tomaste?
Porque vieste e a deixaste?
Porque a vestiste do teu ser
Se para fugir e a deixar morrer?

Pois e por que alma tomo, eu, a minha?
Qual morre, porque a chamas por voz vizinha,
Porque lhe roubas o sabor, porque a deixas nua,
Porque deixa de ser se por ser não for tua.