Doem-me ainda estes olhos
Escorridos porque lágrimas?
Vencidos porque almas?
Vencidos pelos teus
Rasgando a face por onde descem
E ardendo só por de onde vertem
Minha alma é coração, espírito porque sou
Flama por canção, rito a quem me dou
Mas não sou, apenas fui, nem dou apenas dei
Porque o que fui, fui e deixei de ser
E o que sou, sou livre, isento de regra e lei
Vazia e nua a alma mas voraz por arder.
Porque foi que a despiste e a tomaste?
Porque foi que vieste e a deixaste?
Porque foi afinal que a vestiste do teu ser
Se para fugir, deixa-la para morrer?
Pois… por que alma tomo, eu, a minha?
Qual morre, porque a chamas por voz vizinha,
Ávida por que sabor? o teu, como tu, como o Sol e a Lua
Porque a alma deixa de ser se por ser não for tua.