Tenho sangue de vida, mas não tenho porque viver
Ainda que não mo caiba a mim decidir ou saber
Tenho fôlego e respiro de um forte pulmão
Pois tenho o espirito, mas um fraco coração
E digo e sei tudo o que posso fazer
Mesmo que não mo caiba a mim decidir ou escolher
E digo que não tenho razão no meu nascimento
Pois é fraca a alma e forte e pensamento
Mas que sei eu, que olho o céu e nada vejo
Se o que sei é a irracionalidade de ego em desejo
Se vejo o mar apenas no seu ondular
Nada sei, sei apenas me envergonhar
Pois sou filho do Deus vivo e real
Deus de vida, mas numa ausência fatal
Deus que tudo sabe, e tudo existe só no seu saber
Porquanto tudo criou com um propósito a fazer
E criou Ele, um propósito e só depois a personagem
Para que não se dissesse: “tenho vida mas não porque viver”
Para que fosse connosco virtude e vantagem
Porquanto não nos cabea nós dicidir ou escolher
Porque a um só, cabe saber da morte e a vida
Porque se desejarmos morte, temos vida por vencida
Sem cumprir o propósito que nos é devido
Para que seja cumprido o que está escrito e prometido.
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